Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo.
Os mercados futuros têm sido alvos de muitas críticas nos últimos tempos, mas o que poucos sabem é que este tipo de operação pode ser vantajosa desde que utilizada com conhecimento. De forma resumida, esta modalidade negocia contratos de moedas (dólar), índices (Ibovespa e S&P 500) e as commodities, foco do artigo de hoje.
A criação deste mecanismo foi motivada pela proteção (ou hedge, para usar o termo de mercado) da carteira de investimentos ou, no caso de um produtor rural, de toda a sua safra.
Imagine o seguinte cenário. Há poucos dias, a cidade de São Paulo registrou cerca de 5ºC e essa frente fria também foi sentida em diversas regiões do Brasil. Você provavelmente viu reportagens sobre plantações inteiras perdidas por causa do frio.
Quando isto ocorre, os produtores de grãos, por exemplo, podem amargar sérios prejuízos. Porém, por conta da criação dos mercados futuros, eles podem ao menos minimizar essas perdas com operações estruturadas que darão lucro caso haja algum problema com a colheita.
Por outro lado, além do foco em hedge, este tipo de mercado também pode ser utilizado para movimentos especulativos, o que não é necessariamente ruim desde que o investidor saiba o que está fazendo e não corra riscos desnecessários.
Ao operar contratos futuros, seja um trader ou produtor, é necessário ter uma margem de garantias exigida pela corretora e pela própria B3 (SA:B3SA3). É uma forma que eles encontraram para se certificar de que as operações tenham liquidez.
Em um webinar promovido pela Monte Bravo, a analista técnica da XP, Martha Matsumura, ressaltou que ao operar derivativos, o investidor precisa ter em mente que pode sofrer uma perda patrimonial maior do que aquela pensada inicialmente.
E ressaltou que o mercado de café, por exemplo, tem uma volatilidade muito grande e que pode ser bastante arriscado para o investidor brasileiro uma vez que as negociações são baseadas em dólar.
Ao operar commodities agrícolas, cada contrato equivale a uma quantidade específica de sacas. No caso do milho, apenas um papel é composto por 450. Quando o valor varia R$1 para cima ou para baixo, é multiplicado por 450.
Ou seja, neste caso o ganho ou perda, a depender do movimento, é de R$450. Algo semelhante ocorre com o café e com o boi gordo (cada commodity tem uma peculiaridade própria que deve ser observada).
Neste sentido, é importante ressaltar que a alavancagem permitida por este mercado ajuda a tornar os ganhos mais relevantes, mas quando há perdas, o machucado pode ser ainda maior. Além disso, caso você queira operar contratos futuros, o recomendado é sempre colocar uma parte que represente uma fração muito pequena do seu patrimônio.
De forma resumida, ao adentrar neste universo de derivativos, é preciso que o investidor tenha alguma base a fim de evitar erros que comprometam o seu futuro financeiro. O indicado, sem dúvida, é operar neste ambiente com a ajuda de um profissional ou após muitas horas de estudo. Bons negócios!