Muita gente acredita que a inflação só é percebida nos preços praticados nos produtos adquiridos no dia a dia. No entanto, a ação inflacionária tem impacto em todas as rotinas econômicas, e isso tem tudo a ver com seus investimentos, dos mais conservadores aos mais arrojados.
A inflação é, de fato, uma pressão sobre os preços provocada por vários fatores. O aumento do consumo, por exemplo, tende a elevar também os valores dos produtos, conforme ensina a lei da oferta e da procura. A entressafra de um produto agrícola, por sua vez, incide sobre seu preço e sobre toda a cadeia de produtos que depende dele. A valorização cambial faz subir o valor dos insumos importados, provocando uma reação em todos os itens relacionados.
Até meados dos anos 1990, o Brasil convivia com índices inflacionários imprevisíveis e preocupantes. A inflação inercial era um fenômeno recorrente: apenas por supor que os preços subiriam, comerciantes e prestadores de serviço elevavam seus custos ao consumidor, criando uma margem inflacionária virtual. Com a estabilização monetária, esse fenômeno involuiu, mas pressões inflacionárias seguem frequentes.
A mais recente delas é provocada pela pandemia de coronavírus, um acontecimento imprevisível que fez refrear o consumo de determinados produtos, aumentar o de outros, desequilibrar a balança comercial, enfraquecer a moeda e pavimentar o pior efeito de uma crise econômica: o desemprego.
Para aferir a dimensão dessa elevação de preços, foram criados vários índices oficiais ou ligados a universidades, que ajudam a mapear o perfil geral do comportamento inflacionário no Brasil.
Os mais comuns são:
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é medido pelo IBGE ao comparar o valor necessário para comprar uma lista de bens de consumo com o preço em períodos anteriores. É medido mês a mês.
IPCA
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é a inflação oficial do país e leva em conta um público consumidor maior. O IPCA acumulado em março de 2021 era da ordem de 6,1%.
IGP-M
O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é composto pelos preços de outros três índices: atacado (IPA-M), ao consumidor (IPC-M), e de construção (INCC). A construção civil foi um dos poucos setores aquecidos em 2020 e, com a fuga de matéria prima, teve inflação bem acima da média, levando o IGP-M a mais de 30% no acumulado do ano.
Vale lembrar que o IGP-M é utilizado para rever os contratos de aluguel – e daqui a pouco voltaremos a ele. Ao contrário do que muita gente supõe, a inflação não é um elemento necessariamente maléfico.
Economistas concordam que um patamar mínimo de inflação significa que a economia e o consumo estão aquecidos – e que os salários poderão ser reajustados em uma média razoável para acompanhar esse movimento.
Mas a inflação descontrolada, por sua vez, diminui o poder de compra, muda o perfil de consumo, aumenta os estoques e provoca uma descontrolada reação em cadeia, inclusive nos investimentos. Os de renda fixa são os mais atingidos. A poupança, por exemplo, já tem uma rentabilidade baixa. Com a inflação em alta, quem aplica na caderneta perde dinheiro nesse intervalo de tempo.
Quem investe em imóveis pode ter uma grande dificuldade de repassar o IGP-M para seus inquilinos, porque seria um convite à inadimplência. Por isso, muitos contratos estão sendo revistos a partir de outros indicadores.
Por isso, é preciso investir em propostas que garantam o retorno real positivo, ou seja, que remuneram as perdas inflacionárias. São os casos dos investimentos atrelados à inflação. O Tesouro IPCA +, por exemplo, é um título de Tesouro Nacional que garante o ajuste ao IPCA do período contratado. Os títulos em CDB, LCI e LCA, além do risco baixo, também garantem a reparação inflacionária.
Já as ações de empresas podem ou não fazer a compensação. Aquelas empresas que conseguem repassar a inflação ao preço de seus serviços, como as concessionárias de serviços públicos, também repassam esse valor para seus papéis.
É preciso ainda verificar os impactos indiretos da inflação. A derrocada no consumo de determinado segmento pode desvalorizar os títulos das empresas desse segmento, provocando também depreciação em suas ações.
Para conter a inflação, o Banco Central pode ainda determinar a subida nos juros, o que também incide sobre os investimentos. A Selic, por exemplo, já se encontra em viés de alta e assim deve permanecer nos próximos meses.
Acompanhar essas mudanças no dia a dia, não é fácil. Sobretudo entre os investidores que não são profissionais da área: exercem outras atividades e investem seu patrimônio, mas não conseguem acompanhar com frequência as pequenas e grandes oscilações inflacionárias.
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