Há algo de novo no mundo dos investimentos – e essa novidade atende pela sigla ESG. Em tradução livre do inglês para português significa meio ambiente, responsabilidade social e governança (Environment, Social and Governance). Empresas que atendem simultaneamente aos pilares desta tríade tendem a ter ativos mais atraentes e, por isso, são a cara dos investimentos do futuro.
No Brasil, a procura por títulos com essa chancela só faz crescer.
Não é para menos. Por uma série de razões, questões ambientais, sociais e de governança assumiram protagonismo recente na opinião pública mundial.
Corporações que descuidam destes quesitos (ou não demonstram se preocupar) tendem a estar mais expostas na mídia com notícias depreciativas, como desastres ambientais, insensibilidade com os dramas urbanos ou corrupção interna – por exemplo.
Cuidados tardios com o meio ambiente
O quesito ambiental domina a pauta contemporânea. Desde a Revolução Industrial, que na Europa alvoreceu no século 18, o crescimento econômico mundial se sustentou basicamente a partir da devastação dos recursos naturais: poluição do ar, contaminação das águas, destruição do solo e, por consequência, aquecimento global.
A partir da virada do milênio, esforços de entidades e ações governamentais tentam promover um ponto de mutação nesta engrenagem, a fim de mitigar as respostas de tanta degradação: aumento das temperaturas, ciclos climáticos instáveis e destruição de biomas inteiros.
Acidentes ambientais, antes vistos com alguma naturalidade ou dose de fatalidade, passaram a influenciar também no mercado financeiro. Quem quer investir em uma empresa que se preocupa tão pouco com o futuro?
Por outro lado, grandes empresas que se mostram solidários a esta questão e encampam iniciativas verdadeiramente sustentáveis começaram a funcionar como indutores de investimento, sobretudo entre os investidores mais novos.
Além de cumprir protocolos internacionais e certificações de qualidade auditadas externamente, estas corporações conseguem também atender às exigências de indicadores da própria bolsa, que monitoram práticas sustentáveis para formar uma espécie de “carteira verde”.
Basicamente, essas empresas de capital aberto explicitam práticas relacionadas a:
- Logística reversa: incentivo à captação e ao destino adequado dos próprios produtos e de resíduos;
- Redução de carbono: Adoção de práticas que diminuem a emissão de gases poluentes;
- Reflorestamento: promoção de ações de reflorestamento e outras formas de compensação ambiental;
- Política interna: revisão de práticas e procedimentos para aquisição de insumos, fabricação de produtos, embalagem e venda;
- Marketing verde: divulgação das próprias ações, incentivando o consumidor a rever hábitos.
As empresas também podem apoiar iniciativas de preservação ambiental por meio de editais de captação de recursos ou de maneira direta – outra medida que atrai a atenção de investidores que estão de olho em ESG.
A responsabilidade social é outra exigência em alta. Em um país tão desigual quanto o Brasil, em que metade da população ainda não dispõe de saneamento básico – para ficarmos em apenas uma estatística – ações que busquem equalizar este cenário também são bem recebidas no mercado financeiro.
Para tanto, as empresas deslocam departamentos inteiros para cuidar de ações que empoderam entidades sérias ou iniciativas que buscam:
- Qualificar profissionais;
- Fornecer alimentos e roupas para população em situação de rua;
- Fortalecer escolas, universidades e institutos de pesquisa;
- Orientar sobre a necessidade de igualdade em direitos para mulheres, negros e pessoas com deficiência;
- Outras iniciativas de cunho social.
Por fim, as práticas de governança já se mostram uma obrigação, e não mais um item acessório das empresas modernas.
A governança corporativa inclui medidas de compliance, o que inclui assegurar transparência nas políticas empresariais que não incluem sigilo do negócio. Uma aquisição, por exemplo, pode estar blindada no plano estratégico da empresa – mas quando concretizada, a divulgação dos termos do acordo e dos impactos ambientais e sociais da fusão se torna uma premissa.
Durante muito tempo, medidas drásticas tomadas por grandes firmas pegavam a todos de surpresa: grandes programas de demissão voluntária, fusões suspeitas e até mudanças de marca.
Atualmente, práticas desta natureza são condenáveis, sobretudo depois de sucessivos escândalos nacionais e internacionais envolvendo a indesejável aliança entre capital privado e dinheiro público se prestando a ações envolvendo tráfico de influência, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Um investidor, definitivamente, não quer mais acordar com uma notícia dessas.
É por isso que os papéis que atendem a este tripé – o ESG – estão cada vez mais em alta. “Hoje em dia, os investimentos precisam ser cada vez mais responsáveis para que se tornem realmente duradouros”, afirma Rodrigo Franchini, head de produtos e alocação da Monte Bravo.
“As escolhas dos ativos de uma carteira precisam ser resilientes e consistentes. Portanto, escolhas que foquem em empresas responsáveis, geram uma segurança maior para os investidores. O risco de imagem diminui, além da empresa contar com um nível de governança mais adequado.
Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo
Com essas características, é simples de entender como empresas que foquem nessas demandas, cresceram tanto nos últimos tempos no mundo e, agora, no Brasil. A tendência é que as empresas e corretoras se adaptem a este tipo de produto. Senão, há quem vá ocupar esse posto como referência no mercado”.
Pegando carona nesta frase, produzimos um podcast inteiramente sobre o tema com a participação de Marina Cançado, a mais nova Head de Sustainable Wealth da XP Private e especialista em ESG. Ouça abaixo:
Na B3, há vários índices que monitoram práticas ambientalmente sustentáveis, socialmente justas e empresarialmente transparentes. Destaque para o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), o Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) e Índice Carbono Eficiente (ICE).
A vantagem dos indicadores é que eles avaliam de forma quantitativa e qualitativa a gestão de cada papel, agrupando aqueles que podem receber a chancela ESG – também conhecida como o grande investimento do futuro.
Na Monte Bravo, os assessores de investimento dominam com competência e transparência o mapa de papéis que atendem a estes requisitos, entregando a seus clientes os títulos mais responsáveis da atualidade: aqueles que pensam no presente, no futuro e na transparência do próprio negócio.