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Mercados
Os mercados de risco operam sob pressão nesta quarta-feira (09). A China anunciou, nesta manhã, uma retaliação com tarifas adicionais de 84% sobre produtos dos Estados Unidos. A cobrança começa amanhã (10) e o anúncio ocorre no mesmo dia em que entram em vigor novas tarifas americanas de 104% sobre importações chinesas.
A apreensão em torno das tarifas alimenta o temor de uma recessão global, que está arrastando os mercados de risco para baixo em todo o mundo.
A incerteza provoca uma disparada nas taxas de juros dos Treasuries dos Estados Unidos. O título de 10 anos avança 15 pontos base, para 4,42%. Historicamente, investidores recorrem aos Treasuries em momentos de tensão, o que tende a derrubar suas taxas. Desta vez, no entanto, o movimento é inverso: investidores estão vendendo os papéis.
O mercado americano de títulos vive uma liquidação agressiva, com rumores de vendas por parte da China — o que levanta dúvidas sobre a permanência dos Treasuries como porto seguro tradicional.
O dólar perde força frente às principais moedas, como o iene e o euro. O yuan offshore da China atingiu ontem o menor valor já registrado. O índice DXY, que mede o dólar contra uma cesta de moedas, recua 0,11%, para 103,32. O yuan offshore atinge 7,3815, o menor nível desde o início da sua negociação em 2010.
Os preços do ouro sobem com a fraqueza do dólar. O ouro à vista avança 0,60%, para US$ 3.000,13 por onça. Os preços do petróleo recuam para o menor nível em mais de quatro anos nas negociações iniciais desta quarta. O Brent recuou para US$ 58,9 por barril. O WTI caiu para US$ 56,1 por barril. Os mercados asiáticos fecharam majoritariamente em baixa na madrugada de ontem.
As bolsas europeias abriram em forte queda. O índice pan-europeu STOXX 600 recua 3,30%, com todos os setores e principais praças no vermelho. Os futuros do S&P 500 também operam em baixa, com o índice próximo de entrar em território de mercado de baixa — definido por uma queda de 20% em relação ao pico.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 1,32%, aos 123.932 pontos. O dólar à vista encerrou em alta de 1,47%, a R$ 5,9973.
Economia
China: O governo chinês anunciou hoje que aumentará suas tarifas recíprocas sobre produtos dos Estados Unidos de 34% para 84%, em meio ao aprofundamento da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
EUA: Nos últimos dias, dirigentes do Fed adotaram um tom cauteloso ao comentar sobre a política tarifária do governo Trump, evitando sinalizar mudanças imediatas na política monetária. As principais preocupações giram em torno dos impactos dessas tarifas sobre a inflação e a atividade econômica. Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco, destacou a importância de avaliar o efeito combinado das políticas governamentais nas áreas de comércio, tributação e regulação. Segundo ela, os cortes de juros realizados no ano passado já posicionaram a política monetária em um nível suficientemente restritivo para conter a inflação sem prejudicar o crescimento.
Austan Goolsbee, do Fed de Chicago, alertou para o risco de as tarifas desestabilizarem as cadeias produtivas e reacenderem pressões inflacionárias semelhantes às de 2021 e 2022. Adriana Kugler, diretora do Fed, reforçou essa visão e ressaltou que os efeitos inflacionários das tarifas já são mais evidentes do que seus impactos sobre o crescimento. Ela destacou o dilema enfrentado pelo Fed: endurecer a política monetária pode enfraquecer a economia, enquanto afrouxá-la pode reacender a inflação. Diante disso, defendeu a manutenção dos juros, apontando a importância de preservar as expectativas de inflação bem ancoradas no longo prazo.
Brasil – O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 19,0 bilhões em fevereiro, resultado melhor que o esperado pela mediana do mercado (-R$ 26,3 bilhões). A surpresa positiva veio principalmente dos governos regionais, que apresentaram superávit de R$ 9,2 bilhões, acima da projeção de R$ 3,4 bilhões. O governo central teve déficit de R$ 28,5 bilhões, enquanto as estatais contribuíram com superávit de R$ 0,3 bilhão. No acumulado em 12 meses, o déficit primário consolidado foi de R$ 15,9 bilhões, equivalente a 0,1% do PIB.
A dívida líquida do setor público atingiu R$ 7,3 trilhões em fevereiro, ou 61,4% do PIB, com alta de 0,3 p.p. em relação ao mês anterior, puxada principalmente pelo déficit nominal. A dívida bruta do governo geral chegou a R$ 9.1 trilhões (76,2% do PIB), com aumento de 0,5 p.p. no mês, influenciada principalmente pelos juros nominais.
Preços de ativos selecionados¹


(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.
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