Analistas preveem desaceleração do IPCA em março, mas com alimentos em alta

17/03/2025 às 12:53

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Segunda

Mar

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Analistas preveem desaceleração do IPCA em março, mas com alimentos em alta

Índice oficial de inflação do país pode cair pela metade na próxima divulgação, mas alimentação deve seguir pressionada, segundo especialistas

A alta de 1,31% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro não deve manter o índice no mesmo patamar em março, segundo os especialistas ouvidos pela CNN.

O índice oficial de inflação do país foi puxado por fatores sazonais no mês passado, como reajustes escolares no setor de educação, e momentâneos, como a volta das cobranças cheias de energia elétrica residencial, depois do fim da incorporação do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro.

Apesar da desaceleração da alimentação em fevereiro e da expectativa de IPCA menor em março, os especialistas ressaltam que os alimentos seguirão em alta nos próximos meses.

“Os alimentos vão seguir pressionando, vimos uma desaceleração, mas ainda assim é uma alta expressiva. Se colocar 0,7% de variação em 12 meses, ficará muito acima dos 3% que é nossa meta de inflação. E a alimentação deve ganhar mais protagonismo em março, o ovo e o café continuam sendo destaques e subindo”, afirmou André Braz, economista do FGV Ibre.

Segundo Braz, o IPCA de março deve ficar próximo à metade do dado registrado em fevereiro, pois não terá uma grande concentração nos setores de habitação e educação, com a devolução dos custos de energia elétrica e os reajustes de ensino. Ainda assim, março deve evidenciar que a inflação de alimentos não está dando trégua.

“A preocupação continua, pois essa inflação de alimentos tem se distanciado muito da inflação média dos últimos anos, não é nenhuma sensação de curto prazo. De 2020 para cá, a alimentação já subiu mais de 55%, enquanto o IPCA em torno de 30%. Com os alimentos subindo mais que a inflação média, há uma pressão maior nos salários, especialmente de quem tem uma renda familiar muito baixa e que concentra um gasto maior com comida”, explicou.

Cristian Pelizza, economista-chefe da Nippur Finance, também avalia que mesmo com uma desaceleração esperada do IPCA em março, a inflação persistente seguirá no radar do governo e do Banco Central.

“A tendência no momento é de uma pressão inflacionária maior no Brasil. O mercado hoje espera um IPCA em 2025 mais próximo de 6% do que de 5%, em um país que tem uma meta de inflação de 3%, o que mostra que devemos ter um ano com inflação bem acima da meta”, declarou o especialista.

A expectativa de inflação acima da meta em 2025 deve levar o BC a manter uma postura firme em relação à taxa básica de juros. Para Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, o dado de fevereiro reforça a sinalização de manutenção do ritmo de alta de 100 pontos-base na reunião de março.

“Acreditamos que a deterioração do cenário inflacionário exigirá a continuidade do ciclo, com uma elevação de 50 pontos-base na reunião de maio, levando a taxa Selic terminal para 14,75% ao ano”, acrescentou o economista.

Já a estrategista de inflação da Warren Andréa Angelo analisou pontos positivos referentes ao IPCA divulgado nesta quarta-feira (12), especialmente em relação às variações cambiais.

“Uma surpresa boa foi a desaceleração dos preços de bens que são ligados ao câmbio. A nossa avaliação é de que a maioria do repasse cambial que ocorreu no ano passado estavam nesses itens, mas os preços agora não estão mais refletindo um câmbio muito elevado, está refletindo um câmbio de R$ 5,70, R$ 5,80. A depreciação do ano passado acima de R$ 6,00, que em dezembro foi até R$ 6,30, a gente acha que não teve repasse e pode nem ter”, destacou.

Notícia publicada no portal da CNN.

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