- Nos EUA, dados do mercado de trabalho surpreenderam positivamente;
- Fed deve realizar cortes alternados nos juros ao longo de 2025;
- Por aqui, IPCA de dezembro veio abaixo do esperado, mas composição do índice preocupa;
- Chances de concretização do cenário base e do cenário pessimista se igualaram;
- Balanço de riscos e cenário fiscal demandam postura firme do BC e Selic deve chegar a 15,25% a.a.
Cenário global
No dia 20 de janeiro, Trump assume a presidência dos EUA com a promessa de enviar várias ‘Executive Orders’ — Decretos-leis. Se isto acontecer, vamos começar a conhecer o desenho da política econômica e as atenções estarão voltadas para as políticas de imigração, reformas energéticas, tarifas e impostos.
Embora esperemos uma abordagem pragmática, a dúvida cresceu e empurrou as taxas de juros para cima e o dólar para os níveis mais altos em 20 anos. Em um quadro de crescimento resiliente com a inflação em queda, mas ainda acima da meta, o impacto das novas políticas vai ditar o espaço remanescente para cortes.
Esperamos que o Fed siga cortando os juros em 2025, mas com pausas. Ainda assim, os Fed Funds devem cair para 3,5% no final de 2025, ao mesmo tempo em que a economia reduz sua velocidade, mas segue crescendo. Este é um desenho compatível com as taxas de 10 anos oscilando entre 4,00% e 4,50% — o que ainda manteria o dólar forte, mas provavelmente um pouco abaixo do nível atual.
Cenário doméstico
No Brasil, embora o ano de 2024 tenha terminado com boas notícias na economia real, as perspectivas para frente tornaram-se surpreendentemente sombrias. O pior é que não podemos descartar o risco de 2025 ser ainda mais turbulento, em uma repetição de 2015 — quando a tentativa de impulsionar a economia com aumento do gasto levou à maior recessão da história desse país.
Na ausência de sinalização sobre novas medidas para ajustar o crescimento descontrolado do gasto, optamos por atribuir 50% de chance ao cenário Base e 50% de probabilidade ao Cenário Pessimista.
No cenário Base, novas medidas fiscais contribuem para estabilizar o dólar em torno dos níveis atuais para encerrar o ano em R$ 6,35. As projeções de IPCA para 2025 e 2026 ficam em 6,2% e 4,5%, respectivamente, enquanto o Banco Central eleva a taxa Selic para 15,25% a.a. e, embora a economia desacelere, não há recessão e os preços dos ativos apresentarão ganhos em 2025.
Contudo, sem um ajuste adicional, estaremos no cenário Pessimista e o dólar vai ultrapassar a marca de R$ 7,00 rapidamente para fechar o ano em R$ 7,50 — o que vai desorganizar ainda mais a economia e gerar uma recessão, com o PIB crescendo zero em 2025. A perda das âncoras fiscal e monetária vai jogar o IPCA para os 9% e, com menos crescimento, a dívida subirá para a 93% do PIB fomentando um quadro de dominância fiscal e crise em 2026.