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- IPCA avançou 0,39% em novembro, em linha com as expectativas;
- No entanto, medidas qualitativas da inflação apresentaram uma dinâmica desfavorável;
- Núcleos e serviços aumentam o desafio para a convergência da inflação para a meta;
- Mantemos nossa projeção para o IPCA de dezembro em 0,62%.
O IPCA de novembro ficou em linha com as expectativas, mas apresentou uma dinâmica desfavorável nas medidas qualitativas de inflação, especialmente na inflação de serviços. A inflação corrente permanece elevada, com uma trajetória pressionada por fatores como: (i) crescimento acima do potencial; (ii) mercado de trabalho aquecido; (iii) câmbio depreciado; e (iv) expectativas de inflação desancoradas.
No que se refere à política monetária, o balanço de riscos assimétrico — somado à fragilização da âncora fiscal — deverá levar o Banco Central a acelerar o ritmo de alta da Selic. Esse cenário reforça nossa visão de que o BC precisará elevar a Selic em 100 pontos base nas reuniões de dezembro e janeiro, movimentos seguidas por dois aumentos de 50 p.b. em março e maio de 2025, encerrando o ciclo de alta com a taxa em 14,25% ao ano.
O IPCA registrou alta de 0,39%, ficando em linha com nossa expectativa e o consenso do mercado.
As principais fontes de pressão no índice foram os alimentos, as passagens aéreas, o reajuste nos preços dos cigarros e os serviços de recreação. Em relação à nossa expectativa, houve uma menor contribuição da deflação de itens ligados às promoções da Black Friday, como móveis, utensílios e vestuário.
Apesar da inflação estar em linha com o esperado, a dinâmica dos núcleos — bem como da inflação de serviços e bens — registrou aceleração na variação em 12 meses.
Os núcleos permaneceram em patamar elevado, com alta de 0,39% em novembro — levemente abaixo do valor observado em outubro (0,44%). Em 12 meses, contudo, a variação acumulada acelerou de 4,0% em outubro para 4,2% na última leitura. Esse comportamento mantém os núcleos em um nível desconfortável e exige uma postura vigilante por parte do Banco Central.
O núcleo de bens registrou deflação na margem, influenciado pelas promoções da Black Friday, com queda de 0,26% em novembro. Apesar da deflação, essa desaceleração foi menor do que a deflação de 0,55% registrada em novembro do ano passado. Esse menor impacto dos descontos da Black Friday levou o núcleo de bens a acelerar na variação em 12 meses, de 1,7% em outubro para 2,1% em novembro.
Os serviços se mantiveram pressionados, refletindo o mercado de trabalho aquecido. O núcleo de serviços, que exclui passagens aéreas, registrou alta de 0,60% em novembro, impulsionado por alimentação fora do domicílio, seguro de automóvel e serviços de entretenimento. Um ponto de preocupação é a forte aceleração do núcleo de serviços em termos anuais, que passou de 5,3% em outubro para 5,7% em novembro.
Para dezembro, a projeção do IPCA foi mantida em 0,62%, com o índice alcançando 4,9% no acumulado em 2024.