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- Economia brasileira cresceu 0,9% no 3T24, ligeiramente acima das projeções do mercado;
- Demanda doméstica, com destaque para alta dos investimentos, segue liderando o crescimento;
- Dados reforçam a percepção de que a economia está crescendo acima de seu potencial;
- PIB e balanço de riscos reforçam necessidade de aceleração do aperto monetário;
- Após a divulgação, revisamos nossa projeção de crescimento do PIB em 2024 para 3,4%.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% na margem no 3° trimestre de 2024. O resultado ficou ligeiramente acima da nossa projeção e do consenso do mercado, que projetavam alta de 0,8% na margem. Em termos anuais, o PIB cresceu 4,0%, acelerando ante o crescimento de 3,3% registrado no 2° trimestre.
No 3º trimestre, os investimentos se destacaram com alta de 2,1% na margem graças a uma série de fatores: (i) crescimento da produção doméstica de bens capital; (ii) desempenho positivo da construção civil; (iii) aumento da importação de bens de capital; e (iv) desenvolvimento de sistemas de informática. Apesar da boa performance dos investimentos, a economia segue com baixa taxa de investimento, que atingiu 17,6% do PIB no 3T24 — permanecendo abaixo do patamar em torno de 20% requerido para um crescimento sustentável.
O consumo cresceu 1,5% na margem, reflexo do mercado de trabalho aquecido, programas de transferência de renda e expansão do crédito.
O crescimento do consumo e do investimento refletem o forte desempenho da demanda doméstica, que cresceu 1,5% na margem e acelerou ante à alta de 1,3% no 2T24.
O impacto da aceleração da demanda doméstica é o forte crescimento das importações, que expandiram 17,7% na comparação anual. As exportações, por sua vez, tiveram um desempenho mais tímido (+2,1%) — indicando que a demanda externa teve contribuição negativa de 2,4% na comparação anual no 3T24.
A indústria cresceu 0,6% na margem durante o 3º trimestre de 2024, com forte alta de 3,6% na comparação anual. Esse desempenho ocorreu devido ao crescimento da construção civil, da indústria e da produção de eletricidade, saneamento e gás. Esse último setor reflete as concessões de serviços públicos do governo nos últimos anos.
Os serviços lideraram o crescimento na margem e registraram alta de 0,9%. Os segmentos de informação e tecnologia, atividades financeiras, serviços de educação, saúde e lazer, comércio e transportes foram os destaques desse resultado.
Como destaque negativo, a agricultura contraiu 0,9% na margem devido à quebra da safra de cana de açúcar, milho e laranja.
Após o resultado do 3T24, o carry-over ficou em 3,0% e 0,8% para 2024 e 2025, respectivamente. Após a divulgação do PIB, revisamos nossa projeção de crescimento da economia brasileira em 2024 de 3,2% para 3,4%.
O desempenho do PIB no 3º trimestre destaca a robustez da demanda doméstica — impulsionada por ganhos de renda, níveis recordes de ocupação e o suporte das transferências e programas sociais.
A resiliência do consumo e do investimento reforça a percepção de que a economia está crescendo acima de seu potencial, com um hiato do produto positivo. O Banco Central enfrenta o desafio de ajustar a taxa de juros reais de forma a alinhar o ritmo de crescimento econômico à meta de inflação de 3,0%, em um contexto de expectativas desancoradas e significativa depreciação cambial.
Os dados do PIB do 3T24, somados ao balanço de riscos assimétrico para a inflação, apontam para a necessidade de um aperto monetário mais rápido e incisivo neste momento do ciclo.
Esse quadro reforça nossa visão que o BC precisa elevar a Selic em 100 pontos base nas reuniões de dezembro e janeiro. Esses movimentos devem ser seguidos por dois aumentos de 50 p.b. em março e maio de 2025, encerrando o ciclo de alta com a taxa básica de juros em 14,25% ao ano.