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A Ambev reportou na manhã de quinta-feira (31) seus resultados referentes ao 3T24.
Os números divulgados ficaram ligeiramente abaixo de nossas expectativas, que eram baixas. A performance de Cervejas Brasil mostra que o cenário para competição está bastante complexo — o que deve continuar pressionando os resultados à frente.
Junto com o resultado, a companhia anunciou um programa de recompra de R$ 2 bilhões. No entanto, não achamos que este seja suficiente para contrabalancear o resultado e a dinâmica mais desafiadora do mercado nos próximos trimestres.
A Ambev, conforme comentado acima, reportou números fracos em sua unidade de Cervejas Brasil — que representa quase metade do EBTIDA da Ambev —, com volumes crescendo apenas 0,6% e bem abaixo do que projetávamos. Esse pequeno crescimento em volume foi resultado de uma performance ruim de suas marcas “core”, já que as marcas premium tiveram performance positiva.
Mesmo essa “gourmetização” das cervejas, no entanto, não trouxe capacidade de aumento de preços e a receita por hectolitro subiu apenas 2,6% a/a. Quando olhamos para a performance, nos parece que o cenário competitivo está bastante acirrado — com a volta do Grupo Petrópolis para o jogo acentuando a guerra de preços.
O setor de bebidas não alcoólicas continua apresentando bom crescimento e margens saudáveis.
Canadá e América Latina continuam sendo os detratores de resultados. O primeiro pode ser explicado por uma indústria bastante madura que enfrenta dificuldade para encontrar avenidas de crescimento, enquanto o último pode ser explicado pela situação macroeconômica da Argentina — que passa por momentos desafiadores.
O programa de recompra de ações pode ser uma primeira demonstração sobre como será a nova estrutura/alocação de capital da companhia, mas foi uma demonstração bastante tímida. Esperamos que a companhia acelere sua “nova” estrutura de capital nos próximos trimestres na tentativa de maximizar o retorno e diminuir o seu custo de capital, passando de uma companhia que carregava pouca dívida e tinha uma estrutura agressiva tributária para uma companhia que vai carregar mais dividas em seu balanço e ter uma estrutura de capital mais otimizada.
Em nossa visão, acreditamos que o processo de reprecificação das ações da companhia está próximo do fim pois: (i) não enxergamos mais muito espaço para revisões de estimativas de lucro — principalmente pela performance das unidades de negócio e menos dúvidas sobre a estrutura de impostos que a companhia irá enfrentar; e (ii) melhora da situação macroeconômica da Argentina nos próximos trimestres. No entanto, não vemos grandes revisões para cima também, pois: (i) mercado de cervejas brasileiro continua com dinâmicas de preços bastante desafiadoras; e (ii) Canadá não tem perspectivas de melhoras.
Por conta disso, adotamos uma visão de neutralidade sobre as ações da companhia.
Ambev (ABEV3) — Neutro
Preço Alvo | 14,50 |
Preço Atual | 12,66 |
Upside | 15% |
Capitalização de Mercado (R$ bi) | 199,65 |
Ações Emitidas (mi) | 15.748 |
Free Float | 29,00% |
Performance
Semana | +1,41% |
Mês | -1,15% |
Ano | -5,83% |
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.