Com alta de 3,34% frente ao dólar, o real teve a maior valorização de setembro em um ranking com moedas de 27 países. O levantamento elaborado pela Elos Atya compara o fechamento de agosto com o de 25 de setembro. O real caiu de R$ 5,65 para R$ 5,47 no período.
Apesar do mês positivo, o real acumula desvalorização de 11,55% em 2024, sendo a quarta moeda com maior perda de valor no período. Apenas Argentina, México e Turquia tiveram quedas mais expressivas, de 16,47%, 13,62% e 13,61%, respectivamente.
Por que o real teve destaque no mês?
Especialistas consultados pelo site IstoÉ Dinheiro concordam que o desempenho do real foi beneficiado por fatores internos e externos ao país, e também por seu desempenho fraco nos meses anteriores. “A base de comparação é um pouco fraca”, resume o diretor de Investimentos da Nomos, Beto Saadia.
Economista da Ativa Investimentos, Guilherme Sousa classifica como “exagerada” a desvalorização do real nos meses anteriores de 2024. “Os principais fatores que motivaram a supracitada desvalorização foram os elevados níveis de incertezas quanto à trajetória fiscal do país, somado ao desmonte do carry trade japonês.”
“A principal explicação para forte valorização do real no mês tem a ver com a dinâmica do juros”, crava o estrategista chefe da Constância Investimentos, Carlos Paiva. No mês, o Copom aumentou a Selic, enquanto o Federal Reserve, banco centros dos Estados Unidos, e o Banco Central Europeu (BCE) cortaram juros.
Estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz afirma que a tendencia de valorização foi observada em várias moedas emergentes e também atribui o acontecimento à dinâmica de juros, que faz com que “investidores busquem mais risco”, inclusive nas moedas destas nações.
Cruz destaca também o anúncio pelo governo chinês de um plano de estímulo para o setor imobiliário, “o que fez a parte de commodities, metálicas em especial, se valorizarem”. O real também acaba beneficiado por esta valorização.
Economista-chefe na corretora Monte Bravo, Luciano Costa destaca o descolamento do real do peso mexicano. “É uma uma boa notícia, porque o peso mexicano continua depreciando mais de 5% esse mês, e o Real está nessa trajetória de apreciação mais recente.”
“Um fator preocupante aqui para o Brasil ainda continua sendo o risco fiscal, do teto de gastos”, diz sobre as perspectivas para o futuro o head de câmbio da HCI Invest, Anilson Moretti.
Saadia, da Nomos, no entanto destaca que não houve sustos recentes sobre a situação fiscal. Segundo o analista, o relatório bimestral das contas públicas “azedou” o mercado, porém depois as dúvidas foram sanadas. “Ou seja o mercado entendeu de alguma forma que a gente está mais próximo é de bater a meta de superavit primário.”
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