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- Ata do Copom mantém tom duro e cenário aponta para aceleração da alta de juros:
- Projetamos altas de 50 pontos base nas próximas duas reuniões do comitê;
- No cenário geopolítico, mercados monitoram conflitos no Oriente Médio;
- Na China, o banco central do país anunciou mais uma redução de juros.
Mercados
No cenário geopolítico, os mercados globais estão focados nos desdobramentos do conflito no Oriente Médio depois que as forças de Israel lançaram ataques aéreos contra alvos do Hezbollah, no Líbano, resultando em 492 mortes e forçando dezenas de milhares de pessoas a fugir.
Nos EUA, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou ontem (23) que espera uma redução no ritmo dos cortes após a redução de 50 pontos base da semana passada. “Acho que, após 50 p.b., ainda estamos em uma posição apertada, por isso fiquei confortável em dar um primeiro passo maior e, à medida que avançarmos, (…) provavelmente daremos passos menores”.
As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA estão mais altas na terça-feira (24). O título de 10 anos negocia a 3,79%, enquanto o de 2 anos subiu para 3,60%.
O Dólar caiu levemente nesta manhã com o DXY em 100,8. Os preços do ouro estão estáveis após o recorde, com o ouro à vista perto de US$ 2.627 por onça.
Os preços do petróleo subiram hoje devido a preocupações de que o conflito entre Israel e Hezbollah possa impactar a oferta e que uma tempestade tropical possa afetar a produção nos EUA no final desta semana. Os futuros do Brent para novembro subiram 21 centavos, ou 0,3%, a US$ 74,11 por barril.
O CSI 300 da China continental subiu 4,33%, registrando seu melhor dia desde julho de 2020. O índice Hang Seng de Hong Kong subiu quase 4% após Pequim anunciar uma série de medidas de estímulo política econômico.
Em uma rara entrevista, Pan Gongsheng, governador do Banco Popular da China, disse que o banco cortará a taxa de reserva obrigatória dos bancos e anunciou outras medidas (veja abaixo).
As ações europeias estão em alta, impulsionadas pelas medidas de estímulo da China. Enquanto isso, os futuros das ações dos EUA estão praticamente estáveis, após S&P 500 e Dow Jones atingirem novos recordes de fechamento.
Ontem, por aqui, o detalhamento do relatório bimestral de receitas e despesas ampliou a sensação de que o foco é o cumprimento estatutário da meta fiscal — na qual as exclusões transformam um déficit de quase R$ 68 bilhões em um déficit de “apenas” de R$ 28 bilhões. A piora da percepção de risco é explicada pelo fato de que a dívida está crescendo devido ao déficit real e não pela ficção contábil que se tornou a peça orçamentária. Em reação a isso, os juros futuros subiram em toda a curva, enquanto o dólar avançou 0,26%, fechando a R$ 5,5353. O Ibovespa fechou em queda de 0,38% no pregão de ontem, aos 130.568 pontos.
Economia
China – O Banco Popular da China (PBOC) anunciou uma redução de 50 p.b. na alíquota do compulsório bancário, que agora passa a ser de 9,50%. Além disso, o pacote de estímulos monetários inclui um corte de 20 p.b. na taxa de recompra reversa de sete dias, a principal taxa de política monetária do PBOC, fixada agora em 1,50% ao ano.
Essa redução pode resultar em um corte de 30 p.b. na taxa de empréstimo de um ano do PBOC, atualmente em 2,30%. Também foi adotado um corte de 50 p.b. nas taxas das hipotecas existentes. Essa medida beneficiará cerca de 50 milhões de famílias, reduzindo os pagamentos de juros em cerca de 150 bilhões de yuans por ano.
Além disso, o PBOC anunciou medidas para apoiar o mercado de ações, incluindo liquidez para investidores e um fundo de estabilização, com uma linha de swap de até 500 bilhões de yuans (US$ 71 bilhões) para compra de ações. Essas ações visam evitar a deflação e garantir o crescimento econômico de 5%.
Brasil – A ata do Copom manteve o tom duro do comunicado da última decisão, que elevou a taxa Selic para 10,75% a.a. Na visão do Copom, a deterioração adicional do balanço de riscos — marcado pela resiliência na atividade, mercado de trabalho aquecido, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação, expectativas desancoradas e elevada incerteza fiscal — demandou uma política monetária mais contracionista.
Na discussão sobre a decisão, o Copom indicou que o início do ciclo deveria ser gradual, com a opção pela alta de 25 p.b., pois o comitê se beneficiaria do acompanhamento dos dados e do monitoramento das incertezas do ambiente externo e doméstico. Na avaliação do ritmo e da magnitude do ciclo de ajuste da taxa de juros, o Copom optou por não dar uma sinalização futura e manter o ciclo condicionado à evolução dos dados.
Nossa avaliação é que a manutenção do balanço de riscos assimétrico nas próximas reuniões deverá demandar um aperto mais rápido, com altas de 50 p.b. nas reuniões de novembro e dezembro, seguido de uma alta de 25 p.b. na reunião de janeiro de 2025 — levando a taxa Selic para 12,00% a.a. A manutenção das incertezas fiscais elevadas, que impendem uma reancoragem das expectativas de inflação e a valorização da taxa de câmbio como esperado, trazem o risco de um ciclo de alta maior — entre 2,0 e 2,5 pontos percentuais —, que poderia levar a taxa Selic para 12,50% a 13,00% a.a. Avaliamos que esse risco é crescente no contexto de manutenção do ajuste fiscal que privilegia o aumento de arrecadação em detrimento do corte de gastos.
Preços de ativos selecionados¹
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.