O que a alta dos juros no Brasil tem a ver com seus investimentos
O Banco Central decidiu, na quarta-feira (18), elevar a Selic em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual). A taxa de juros brasileira, que antes estava em 10,50% ao ano, agora está em 10,75% a.a.
E a previsão é de novos aumentos. Aqui na Monte Bravo, esperamos que a Selic fique em 12% a.a. no início de 2025.
Isso porque, mesmo com a redução dos juros nos Estados Unidos, o cenário brasileiro permanece afetado pelas dúvidas especialmente em relação ao ajuste fiscal. Essa incerteza faz o dólar subir e, em consequência, pressiona a inflação para cima.
Mas como ficam os seus investimentos nesse contexto? A partir de agora, você vai entender:
- Por que a Selic subiu;
- Como o corte de juros nos EUA pode beneficiar seus investimentos;
- O que esperar da renda fixa, das ações, dos fundos imobiliários e mais.
Por que os juros subiram no Brasil?
O Comitê de Política Monetária (Copom), um grupo de diretores do Banco Central, decidiu elevar a Selic.
Esse é um movimento que contraria a expectativa de queda de juros que tínhamos no início deste ano, mas que, aqui na Monte Bravo, enxergamos como necessário.
Três grandes fatores levaram à alta da Selic. São eles:
1 – Expectativas de inflação desalinhadas e incertezas no cenário fiscal
Como já comentamos em detalhes na nossa Carta Mensal de setembro, existem muitas incertezas sobre a capacidade do governo de controlar o avanço da dívida pública.
Esse controle é fundamental para aumentar a atratividade do Brasil para investimentos estrangeiros.
A meta fiscal para 2025 e 2026 foi alterada em abril, um dos principais motivos para a alta do dólar neste ano. Com as medidas propostas no Orçamento de 2025, enxergamos que ela dificilmente será cumprida.
É essa incerteza que faz o dólar subir. A moeda americana, que operava perto dos R$ 5 antes da mudança da meta, chegou a ficar acima dos R$ 5,70 em julho e hoje é cotada na casa dos R$ 5,40.
E dólar alto, em algum momento, vira inflação. Muitos dos produtos que consumimos são influenciados pela moeda americana, especialmente alimentos e combustíveis.
É por isso que existe um desalinhamento de longa data entre as expectativas de inflação do mercado e a meta do Banco Central para o IPCA — a tão falada desancoragem de expectativas.
A principal ferramenta que o Banco Central tem para controlar a inflação (e as expectativas para o indicador) é a Selic. Portanto, nesse cenário, subir os juros é a saída.
2 – A troca de comando no Banco Central
A partir do ano que vem, o Banco Central terá um novo presidente, indicado pelo governo atual. O nome para substituir Roberto Campos Neto é Gabriel Galípolo, que já faz parte do Copom.
Antes do anúncio da nova taxa Selic, o economista deu várias declarações de que decidiria pela alta dos juros se isso fosse necessário — na nossa visão, uma estratégia para afastar a ideia de que ele seria suscetível à pressão do governo para baixar os juros.
Outros diretores do Banco Central fizeram coro e isso gerou bastante ruído no mercado, o que levou o Copom a ter de cumprir sua promessa. De certa forma, foi um movimento para reforçar credibilidade.
3 – A força da economia brasileira
O crescimento acima do esperado do PIB brasileiro no 2º trimestre abriu espaço para um aperto nos juros.
Isso porque o Banco Central entendeu que o risco de uma inflação descontrolada se tornou maior que o risco de uma recessão.
Essa percepção estava associada, entre outros fatores, a uma possível postura branda do BC — um cenário em que a autoridade monetária faria pouco ou nada para conter o avanço da inflação.
Mas, com o PIB forte, o aumento dos juros pode ter um custo pequeno para a economia e pode ajudar a diminuir os riscos associados a um BC permissivo com a inflação.
Na nossa Carta Mensal de setembro, antecipamos o movimento do Copom e falamos em mais detalhes sobre o contexto e efeitos desta alta de juros. Clique aqui para conferir a carta na íntegra.
Como o corte de juros nos EUA beneficia a sua carteira?
Uma Selic mais alta, em teoria, aumenta a atratividade da renda fixa e desestimula os investimentos em renda variável.
Na prática, não é bem assim.
Isso porque os Estados Unidos deram início ao seu tão aguardado ciclo de queda de juros. A decisão, inclusive, foi anunciada no mesmo dia que a alta da Selic no Brasil.
Períodos de juros mais baixos nos EUA são associados a um dólar mais fraco e maior apetite ao risco no mundo todo.
Esse apetite contribui para a valorização do real e de diversos tipos de investimentos, incluindo as ações.
Os mercados emergentes, entre eles o Brasil, tendem a receber um fluxo maior de dinheiro estrangeiro, o que favorece os ativos de risco.
Dessa forma, mesmo com a incerteza fiscal limitando uma arrancada mais forte dos investimentos brasileiros, nosso mercado também vai se beneficiar.
Leia mais: Fed: corte agressivo é um seguro contra o risco de maior desaceleração
O que esperar dos investimentos após a alta da Selic?
Mercado de ações
O mercado já trata como consenso a nossa visão de que o Ibovespa pode superar os 145 mil pontos até o final de 2024 com ajuda do fluxo estrangeiro.
Para o mercado de ações, isso significa um bom avanço, já que o IBOV é negociado hoje em torno dos 135 mil pontos.
E quais são as ações que mais tendem a se beneficiar desse cenário?
Em entrevista ao site E-Investidor, Bruno Benassi, nosso analista de ativos, citou o setor de Seguros como o principal beneficiado pela alta da Selic:
“Nesse caso, podemos mencionar empresas como BB Seguridade (BBSE3), Caixa Seguridade (CXSE3), parte da Rede D’Or (RDOR3) como a Sul América), além da Hapvida (HAPV3), pois essas companhias possuem reservas técnicas. Essas reservas, em sua maioria, estão atreladas ao CDI ou à própria Selic”, aponta Benassi.
Na nossa Carta Mensal, mencionamos outros setores que também podem oferecer retornos interessantes:
- Bancos;
- Commodities e exportadores;
- Utilidades, como saneamento e energia;
- Shopping centers.
Leia mais: confira a Carta Mensal de setembro da Monte Bravo
Fundos imobiliários
Também na renda variável, os fundos imobiliários oferecem oportunidades interessantes.
A Selic em alta favorece especialmente os investimentos em fundos de recebíveis (fundos de papel), uma vez que a carteira desses fundos geralmente contém papéis associados ao CDI e ao IPCA.
Quando os juros sobem, todas as taxas de renda fixa aumentam, tanto IPCA+ quanto CDI+. Assim, a rentabilidade dos ativos na carteira desses fundos também aumenta.
Isso pode significar tanto a valorização das cotas quanto o aumento na distribuição de rendimentos (este último ponto depende da estratégia de cada fundo).
Além disso, a categoria conta com isenção de Imposto de Renda sobre a distribuição de rendimentos para pessoa física. Ou seja: renda mensal isenta de IR.
Renda fixa
A renda fixa segue com ótima relação entre risco e retorno em todas as modalidades — CDI, IPCA e prefixados.
Quando a Selic sobe, as taxas desses investimentos se ajustam ao novo cenário e às perspectivas para a trajetória dos juros. Assim, com os juros em alta, esses títulos tendem a oferecer taxas maiores de retorno.
Se você já tem esses papéis na sua carteira, vale a pena conversar com seu assessor aqui na Monte Bravo para entender qual é a estratégia mais adequada para a sua carteira neste momento.
Crédito privado
Assim como a renda fixa tradicional, o crédito privado também é favorecido pelos juros em alta.
A categoria, que inclui títulos como CRIs, CRAs e debêntures, tem suas taxas calibradas de acordo com as expectativas para a trajetória dos juros.
Como esses papéis costumam ter risco um pouco maior do que a renda fixa convencional, a rentabilidade oferecida também tende a ser maior.
Outro diferencial da categoria é a isenção de Imposto de Renda para a pessoa física, o que significa que 100% da rentabilidade do papel fica com o investidor.
Conte com a Monte Bravo para definir a estratégia ideal para você
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Oferecemos oportunidades exclusivas para nossos clientes, tanto em renda fixa quanto em renda variável, e podemos definir a estratégia de investimento ideal para você.
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