O Índice Ibovespa pode ultrapassar os 145 mil pontos neste ano, influenciado pelo ingresso de capital estrangeiro, mas o risco fiscal é limitador, na visão da Monte Bravo. A corretora mantém sua projeção neste nível, mas não descarta uma pontuação maior por conta do início da queda dos juros nos Estados Unidos.
“O Ibovespa pode superar os 145.000 pontos com o fluxo estrangeiro”, diz, completando que entre os setores preferidos estão bancos, commodities, exportadoras, Utilities (indústrias de serviços essenciais como água, gás e energia) e shoppings.
Nos EUA, a aterrissagem suave da economia preserva a bolsa, enquanto a inflação permite cortes dos juros, afirma em relatório o estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, que estima o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) reduzindo o juro básico em doses de 0,25 ponto porcentual a partir deste mês.
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Na visão do estrategista, os surtos de pânico nos mercados pelo risco de recessão têm características mais técnicas do que fundamentais. Desta forma, avalia que investimentos em renda fixa nos Estados Unidos seguem interessantes, com bom carrego estatístico – e ainda funcionam como um hedge contra uma queda aguda da economia de lá. “Ações no exterior têm cenário benigno com corte de juros e a aterrissagem suave da economia”, diz.
A visão de um pouso moderado nos EUA se baseia na avaliação de que o consumo deve desacelerar, mas não entrar em colapso. Com o mercado de ações em alta e os juros em queda, a riqueza dá suporte às finanças das famílias, estima.
Apesar do cenário otimista por conta da expectativa de queda das taxas básicas nos EUA, a incerteza fiscal do Brasil pode reduzir o potencial de alta dos ativos locais, mas ainda tendem a superar o CDI projetado, pontua.
De acordo com a corretora, a soma das dúvidas fiscais e em relação à política monetária brasileira explica a desvalorização do real mesmo com o cenário externo favorável. Para a Monte Bravo, as incertezas ligadas às contas públicas continuam mantendo o risco Brasil elevado – o que limita uma arrancada mais forte dos ativos domésticos. Ainda assim, estima que o reforço do compromisso fiscal, juntamente com a redução de juros nos EUA, pode trazer o dólar para R$ 5,20.
Em meio à atividade aquecida, a corretora afirma que uma elevação da taxa Selic é “absolutamente necessária” e poderá reforçar a credencial anti-inflacionária. “No entanto, com o fiscal frouxo, repleto de medidas que não têm credibilidade, a percepção de risco seguirá elevada.”
A corretora estima que o Banco Central (BC) elevará a Selic em 0,25 ponto porcentual neste mês, o que deve ser seguido por duas altas de meio ponto e um ajuste final de 0,25 ponto. Dessa forma, a taxa irá para 12% ao ano em janeiro de 2025.
“Este aperto de juros reduz o risco de inflação e deve permitir um fechamento a partir de 2027 da curva de juros”, avalia o documento. No entanto, a corretora pondera que o risco inflacionário é o menor dos componentes que mantêm a curva de juros doméstica tão inclinada e o câmbio, pressionado.
“O fator mais importante é a falta de ajuste fiscal”, reforça, acrescentando que o projeto de lei orçamentária (PLOA) de 2025 reforçou a percepção de que as metas do arcabouço fiscal não serão cumpridas.
Notícia publicado no E-Investidor.