Desempenho da economia surpreende favoravelmente no 2° trimestre e crescimento deverá atingir 3,0% em 2024.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% na margem no 2° trimestre de 2024. Os números surpreenderam significativamente nossa projeção e o consenso do mercado — que esperavam alta de 0,7% e 0,9%, respectivamente. Em termos anuais, PIB cresceu 3,3%, o que também foi acima das expectativas.
A demanda doméstica, com destaque para a alta dos investimentos, liderou o crescimento da economia brasileira no 2T24.
Principais destaques do PIB no 2T24
Os investimentos se destacam com alta de 2,1% na margem. O bom resultado veio na esteira de uma série de fatores: (i) crescimento da produção doméstica de bens de capital; (ii) desempenho positivo da construção civil; (iii) aumento da importação de bens de capital; e (iv) desenvolvimento de sistemas de informática.
Apesar da boa performance dos investimentos, a economia segue com baixa taxa de investimento — que atingiu 16,8% do PIB no 2° trimestre, ainda abaixo do patamar em torno de 20% requerido para um crescimento sustentável.
O consumo cresceu 1,3% na margem. Esse crescimento reflete (i) os ganhos de renda; (ii) o aumento da ocupação; (iii) os programas de transferência de renda; e (iv) a expansão do crédito.
O crescimento do consumo e do investimento refletem o forte desempenho da demanda doméstica, que cresceu 2,3% na margem. Isso explica a resiliência da atividade mesmo após as enchentes no Rio Grande do Sul.
O impacto da aceleração da demanda doméstica é o forte crescimento das importações, que expandiram 7,6% na margem. Enquanto isso, as exportações tiveram um desempenho mais tímido (+1,4%) — indicando que a demanda externa teve contribuição negativa de 0,9% na margem no 2T24.
No 2° trimestre de 2024, a indústria cresceu 1,8% na margem, liderando o crescimento do lado da oferta. Esse desempenho ocorreu devido ao crescimento da construção civil, da indústria e da produção de eletricidade, saneamento e gás. Esse último setor reflete as concessões de serviços públicos do governo nos últimos anos.
Serviços também tiveram desempenho favorável e registraram alta de 1,0% na margem. O destaque negativo ficou para a agricultura, contraiu 2,3% na margem devido à quebra da safra de soja e milho.
O carry-over de 2024 após o resultado do 2° trimestre ficou em 2,5%. Ou seja, caso o PIB brasileiro fique estável durante o segundo semestre, a economia brasileira fechará o ano com um crescimento de 2,5%.
A visão da Monte Bravo
O PIB do 2° trimestre surpreendeu significativamente nossa expectativa. Considerando a dinâmica favorável do mercado de trabalho, a expansão fiscal e os efeitos defasados dos cortes de juros já implementados, a demanda doméstica deverá seguir com crescimento robusto. Portanto, revisamos nossa projeção de crescimento do PIB em 2024 de 2,5% para 3,0%.
O forte crescimento de 2,9% do PIB no 1° semestre em termos anuais indica que a economia está crescendo acima do potencial. Esse movimento gera um hiato do produto positivo e crescente, limitando o processo de desinflação.
Em função disso, será preciso reavaliar a extensão do ciclo de aperto monetário, pois as duas altas de 50 p.b. que temos no Cenário Base podem não ser suficientes para assegurar a convergência da inflação para a meta.
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