Após trocas de sinal pela manhã de terça-feira (27), marcada pela divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de agosto, o dólar se firmou em leve alta no mercado doméstico ao longo da tarde, acompanhando a valorização da moeda norte-americana em relação a divisas latino-americanas, em especial o peso mexicano.
Com mínima a R$ 5,4778 e máxima a R$ 5,5189, o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 27, em alta de 0,18%, cotado a R$ 5,5027.
A moeda já acumula ganhos de 0,43% nos dois primeiros pregões desta semana, o que reduz as perdas em agosto para 2,70%.
Segundo head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, não houve gatilhos capazes de dar um direcionamento mais forte aos negócios. Investidores estão à espera de indicadores americanos para calibrar as apostas sobre a magnitude do primeiro corte de juros nos EUA.
Na quinta-feira, 29, sai a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre. Já na sexta-feira, 30, será divulgado o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
“Dias 29 e 30 devem ser bem animados. Acho que está mais para um corte de 25 pontos nos EUA”, diz Weigt, para quem o real tende a se apreciar com alívio monetário nos EUA, especialmente se o Banco Central decidir elevar a taxa Selic. “O IPCA-15 veio dentro do esperado. Vi análises distintas. Mas os juros futuros estão subindo. Isso sugere que a ala que acha que o número não veio bom está vencendo.”
Pela manhã, o IBGE informou que o IPCA-15 desacelerou de 0,30% em julho para 0,19% em agosto, em linha com a mediana de Projeções Broadcast. As implicações da perda de fôlego da inflação para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária, nos dias 17 e 18, foram divergentes.
A maioria dos economistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) vê o resultado do IPCA-15 como um elemento que pode aumentar as chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% em setembro, mas alerta que as pressões inflacionárias não foram dissipadas e podem ensejar uma reação do BC.
O economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, afirma que, apesar do IPCA-15 ter apresentado composição mais benigna, ainda espera que o Banco Central retome o ciclo de aperto monetário, em razão de desancoragem de expectativas de inflação, atividade robusta e incertezas fiscais elevadas.
“A inflação de curto prazo mais bem-comportada não altera a avaliação que o balanço de riscos para a inflação segue assimétrico”, avalia Costa, que prevê dois aumentos da taxa básica de 0,50 ponto porcentual a partir de setembro, para 11,50%.
No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, em especial o euro e o iene – operou em queda moderada e rondava no fim da tarde os 100,500 pontos. A moeda americana perdeu força na comparação com a maioria das divisas de países exportadores de commodities, mas subiu em relação a moedas latino-americanas.
Destaque negativo para a derrocada do peso mexicano, com queda de mais de 1,50%, o que acabou contaminando em parte outras divisas da região. Investidores desfazem operações de carry trade com a divisa mexicana, em meio à crise política no país por conta da proposta do governo de reforma do Judiciário.
“O peso mexicano já foi o queridinho dos investidores, mas não é mais. As outras moedas da região até que estão se comportando bem”, afirma Weigt, do Travelex, que vê o dólar por aqui rodando no curto prazo em uma faixa entre R$ 5,40 e R$ 5,60.
Notícia publicada pela Isto É Dinheiro: ler na íntegra.