O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos para o segundo trimestre de 2024 foi revisado para cima, de 2,8% para 3%, aceleração significativa em comparação com o crescimento de 1,4% registrado no primeiro trimestre.
Consumo nos supermercados tem alta em julho. Reflexo da queda da inflação dos alimentos, diz Abras
Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, destaca que o PIB foi impulsionado principalmente pelo consumo, que teve alta de 2,9% no trimestre, e pelos investimentos empresariais, especialmente em equipamentos, que cresceram 10,8%.
– A economia norte-americana tem mostrado resiliência, mesmo sob a pressão de altas taxas de juros, o que tem sido um ponto positivo no contexto de incerteza econômica global e preocupações internas com a inflação.
Mas como isso pode impactar as próximas decisões do Banco Central norte-americano? Barbara Portela, CEO da Aliat Investimentos, escritório credenciado ao Safra Invest, acredita que a revisão para cima do PIB americano não deve alterar o tamanho do corte dos juros que o Fed deve iniciar na reunião de setembro.
– Sigo apostando em uma redução de 0,25 ponto percentual, mesmo que os dados de inflação de julho, que serão divulgados amanhã, venham abaixo das expectativas do mercado. Espero que a taxa apresente variação de 0,2% no mês, acumulando 2,6% no ano. Com o afastamento do risco de recessão, acredito que o BC americano opte por iniciar o afrouxamento monetário de forma mais branda e siga acompanhando os dados daqui para frente.
Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, explica que a demanda doméstica revisada para cima é um fator relevante para o Fed. O que está certo é que a próxima decisão será um corte. A grande questão é o ritmo.
– Um dado como esse provavelmente diminui a necessidade de um corte maior de 50 pontos agora. O ritmo de 25 pontos se torna mais provável. Temos mantido o cenário de três cortes de 25 pontos nas três últimas reuniões do ano, e esse dado reforça nossa visão.
Na próxima semana, destaca Costa, será divulgado o relatório de emprego, o payroll, que provavelmente decidirá o ritmo inicial dos cortes. Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, também aposta em um corte de 25 pontos.
-Só mudarei minha opinião para 50 pontos se o payroll vier muito ruim, o que, no momento, não acredito.
A reunião do Fed será no mesmo dia do encontro do Copom aqui no Brasil, dia 18 de setembro. Parte do mercado acredita que os juros serão reduzidos nos Estados Unidos e vão subir aqui no Brasil.
Notícia publicada na coluna da Miriam Leitão no jornal O Globo.