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Mercados
As reações do mercado financeiro são complexas. Por mais que tentemos criar uma narrativa para explicar sua trajetória, as reações às notícias nem sempre correspondem ao que a teoria presume. Esta semana é um exemplo disso.
Depois que Powell consolidou a expectativa de cortes a partir de setembro sob um pano de fundo de uma economia resiliente — o que deveria ser boa notícia —, bastaram alguns dados, de atividade e emprego, mais fracos para o gerar preocupação com o risco de recessão e levar a uma realização dos mercados.
Provavelmente trata-se de uma reação exagerada devido à desmontagem acelerada de posições muito populares — financiadas em iene e aplicadas em ações e em juros emergentes. E, quando todo mundo quer vender e faltam compradores, os preços caem rapidamente, i.e., uma posição técnica ruim.
A súbita valorização do iene, alguns resultados corporativos mais fracos nos EUA, a tensão geopolítica, mudanças no cenário eleitoral americano e sinais de desaceleração na China derrubando comodities. Tudo, isso aliado a alguns dados mais fracos nos EUA, geraram o aumento da volatilidade.
Ontem (01), nos EUA, as ações caíram com o temor de uma recessão. O S&P 500 deslizou quase 1,4%, enquanto o Nasdaq Composite caiu 2,3%. Até mesmo as ações de menor capitalização sofreram e o Russell 2000 perdeu 3%.
O gatilho foi o índice ISM de manufatura — um barômetro da atividade fabril nos EUA — mais fraco do que o esperado (ver ao lado), levando o mercado a questionar se o Fed está atrasado na redução dos juros.
É importante lembrar que esse recuo ocorre após um grande rali nas ações dos EUA e globais e, portanto, não é algo inesperado. Nossa visão permanece de que a economia americana está passando por um processo de pouso suave, no qual a inflação recua sem um impacto muito grande sobre o emprego e a renda.
Com tudo isso, os juros dos títulos nos EUA caíram cerca de 20 p.b. nos últimos dois dias. A taxa de juros do título de 10 anos está em 3,94%, nível mais baixo desde 2 de fevereiro e a taxa de 2 anos está em 4,12%.
Nesta sexta-feira (02), o foco estará sobre o relatório de empregos de julho, às 9h30, para o qual se prevê 185.000 novas posições e uma taxa de desemprego estável em 4,1%.
Os preços do petróleo operam em leve alta hoje. Os futuros do petróleo Brent estão subindo 0,4%, para US$ 79,85 o barril, após uma queda de 1,5% ontem.
As ações japonesas despencaram, com a maioria dos mercados asiáticos em queda seguindo Wall Street — com destaque para o Nikkei 225 que caiu 5,81%.
As ações europeias estão em queda nesta manhã, em linha com os futuros nos EUA onde a Amazon cai mais de 8% no pré-mercado devido a resultados decepcionantes. Por aqui, o mau humor global e a incerteza fiscal fizeram o dólar subir 1,41%, cotado a R$ 5,735 — maior valor desde dezembro de 2021. O Ibovespa caiu 0,20%, aos 127.395 pontos. Os juros futuros reagiram ao Copom derrubando as taxas mais curtas e aumentando as longas, com a inflação implícita subindo.
Economia
EUA – O índice ISM da indústria caiu para 46,8 pontos em julho — comparado a 48,5 pontos em junho —, bem abaixo das expectativas. Esse declínio foi impulsionado por uma queda acentuada nos novos pedidos. Os estoques das empresas e seus clientes continuaram a diminuir rapidamente, já que produtores e varejistas buscam limitar seu acúmulo. O subíndice de emprego também surpreendeu negativamente, contribuindo para a queda do ISM. Embora se esperasse que o emprego permanecesse em território de contração, o subíndice registrou queda mais acentuada — passando de 49,3 para 43,4.
Brasil – O PMI da indústria subiu de 52,5 pontos em junho para 54,0 pontos em julho, marcando o avanço mais forte desde abril e o sétimo mês de crescimento.
Novos pedidos, produção e compras de insumos aumentaram nas taxas mais rápidas em três meses. Além disso, a criação de empregos acelerou e a confiança empresarial permaneceu sólida. O real mais fraco resultou no maior aumento nos novos pedidos de exportação desde dezembro de 2021. O setor de bens de capital foi o maior destaque, seguido por bens intermediários.
Brasil – O governo elevou o Imposto sobre Produtos Industrializados sobre os cigarros. A partir de 1º de setembro, o preço mínimo da vintena de cigarros no varejo subirá de R$ 5,00 para R$ 6,50. A partir de 1º de novembro, a alíquota específica para maços e boxes aumentará de R$ 1,50 para R$ 2,25. O impacto total no IPCA ficar em 10 p.b. a partir de setembro. O Ministério da Fazenda estima que as elevações na tributação e no preço mínimo dos cigarros gerarão uma arrecadação adicional de R$ 300 milhões em 2024, subindo para R$ 3,0 bilhões em 2025 e R$ 3,1 bilhões em 2026.
Preços de ativos selecionados¹
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.