A volatilidade nos mercados globais foi o principal tema da última semana no mercado financeiro.
A decepção com resultados de grandes empresas de tecnologia no último trimestre causou um movimento em massa de venda de papeis do setor. Essa pressão vendedora derrubou as bolsas de valores mundo afora.
Outro fator que aumentou a volatilidade dos mercados foi o aumento das incertezas a respeito das eleições norte-americanas, com a desistência de Joe Biden e a virtual nomeação de Kamala Harris como candidata do Partido Democrata. O último fator destacado pela nossa área de Análise foi a cobertura acelerada de posições em ienes a partir da percepção de que o Banco do Japão pode intervir na economia local e aumentar os juros no país.
O Iene dominou o mercado neste mês, subindo para uma máxima de três meses depois de iniciar julho em seu ponto mais baixo em 38 anos ante o Dólar.
Nossa área de Análise destaca que muitos investidores costumavam financiar suas posições em Iene para realizar aplicações em países com juros altos. A alta acelerada da moeda japonesa zera ambas as pontas da operação, assim valorizando o Iene e desvalorizando as moedas dos países que costumam receber estas aplicações — que são, principalmente, países produtores de commodities.
Mesmo com a volatilidade recente, entendemos que a percepção sobre o cenário global se movimentou em direção ao Cenário Base Monte Bravo.
O PCE, medida de inflação preferida do Federal Reserve, saiu em linha com o esperado na sexta-feira (26) e ajudou a tranquilizar o mercado. A taxa das Treasuries de 10 anos se movimentou para a faixa de 4,20% ao ano, enquanto os títulos de 2 anos passaram a ser negociados abaixo de 4,40% a.a.
O consenso de mercado já projeta quase 70 pontos base de cortes nos Fed Funds para 2024, muito próximo dos 75 p.b. projetados em nosso cenário base.
No Brasil, as incertezas sobre o cumprimento das metas fiscais e a conduta do Banco Central seguem mantendo a percepção de risco sobre os ativos brasileiros em níveis elevados.
A fragilização da âncora fiscal, na esteira da mudança das metas do arcabouço, elevou o prêmio de risco e o risco de desancoragem. A impressão de que uma ala do governo continua trabalhando contra o ajuste fiscal mantém esse prêmio de risco elevado, causando uma alta no dólar e nas projeções de inflação.
Para nossa área de Análise, em caso de manutenção do dólar acima dos R$ 5,50 por mais um mês, um Banco Central comprometido com a meta de inflação de 3% a.a. teria que realizar uma alta de juros. Parte do prêmio leva em consideração essa dinâmica, mas esse é um cenário alternativo — ao qual atribuímos 30% de chance.
Nosso cenário base, com 65% de probabilidade, segue projetando uma solução de compromisso em termos de superávit primário. Contamos ainda com uma melhora do cenário global para ajudar a trazer o dólar para baixo, que parece cada vez mais possível.
Nestas condições, os ativos brasileiros terão um bom potencial de valorização.
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