Nos EUA, os dados mais recentes de inflação e atividade econômica continuam a indicar cortes de juros a partir de setembro. O mercado futuro hoje aposta em dois cortes de 25 pontos base nos juros americanos, atribuindo ainda 50% de chance de um terceiro corte na taxa dos Fed Funds.
Esse movimento segue trazendo ajustes nas taxas das Treasuries. Após atingir o nível de 4,74% ao ano em abril, a taxa dos títulos do tesouro americano está em movimento de correção, fechando em 4,18% ao ano na semana passada.
Nossa área de análise enxerga um cenário global evoluindo favoravelmente, um indicativo de queda do dólar e um bom cenário para a valorização dos ativos brasileiros. No entanto, os ruídos políticos e fiscais continuam impedindo uma alta mais forte dos ativos.
O real não se beneficiou da queda dos juros americanos por conta das incertezas sobre as políticas fiscal e monetária.
Para ilustrar melhor a atual situação, vamos olhar para o que aconteceu antes ainda em 2024: de janeiro a abril deste ano, a taxa das Treasuries de 10 anos oscilou em torno dos níveis registrados na semana passada e, na ocasião, o dólar permaneceu abaixo dos R$ 5,00.
Nossa área de análise vê que há um prêmio de risco de aproximadamente 10%, decorrente da piora na percepção de risco.
A semana passada foi marcada por um recuo da escalada verbal pelo presidente e pelo anúncio de medidas fiscais. No entanto, a recuperação da credibilidade deve exigir alguns meses, bons resultados fiscais e ausência de ruídos.
Nosso Cenário Base Monte Bravo, atualizado na nossa última Carta Mensal, projeta o anúncio de medidas fiscais que reduzem o déficit primário, mas que continuam insuficientes para se aproximar da meta de déficit zero para 2025. Ao mesmo tempo, enxergamos que a nova administração do Banco Central deve aproveitar o horizonte mais longo da meta contínua de inflação e a melhora no cenário global para reduzir a taxa Selic.
Na prática, nossa área de Análise enxerga que o BC vai trabalhar para que a inflação não supere o teto de 4,50, ao invés de ter como objetivo o centro da meta de 3,0%.
Neste cenário, projetamos que a onda global favorável vai impulsionar os ativos de risco brasileiros, mas a incerteza fiscal crescente tende a impedir retornos espetaculares. Nossas projeções indicam que todos os ativos domésticos terão retornos superiores ao CDI de 10,4% nos próximos 12 meses, mas há um crescimento do risco diante da falta de convicção na necessidade do ajuste fiscal.