Monte Bravo Corretora recebe Petrobras - Monte Bravo

Monte Bravo Corretora recebe Petrobras

17/06/2024 às 11:00

17

Segunda

Jun

5 minutos de leitura
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Quais são os próximos passos da Petrobras após as mudanças recentes em sua diretoria? Como fica o plano de investimentos da petroleira?

A Monte Bravo Corretora recebeu especialistas da estatal na segunda-feira (17) para discutir seu momento de mercado, plano estratégico e próximos passos.

Os participantes foram:

  • Yan Alexandre da Silva, gerente de Relações com Investidores da Petrobras;
  • Daniel de Freitas Gotaç, coordenador de Relações com Investidores da Petrobras;
  • Regis Cardoso, responsável pela cobertura de óleo e gás da XP;
  • Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo Corretora.

Profissionais com duas décadas de carreira na estatal, Silva e Gotaç explicaram como a companhia toma suas decisões de investimento, falaram dos projetos futuros da petroleira e responderam às perguntas dos presentes.

Segundo os próprios especialistas, o evento é uma forma de a Petrobras se aproximar de seus acionistas pessoa física — mais de 900 mil de acordo com seu Formulário de Referência mais recente, um público muito maior do que a soma dos institucionais e pessoa jurídica (7,6 mil acionistas). A Monte Bravo foi uma das primeiras casas a participar dessa iniciativa.

Eles reforçaram que, embora observem mudanças no conselho e na diretoria da Petrobras, os fundamentos da empresa são preservados em razão de um robusto processo de governança, que foi detalhado durante o evento.

Veja a seguir os principais destaques da conversa.

Plano estratégico

Os especialistas resumiram os principais pilares da estratégia da Petrobras da seguinte forma:

  1. exploração de petróleo e gás; 
  2. produção crescente no curto prazo; 
  3. foco em águas profundas para maior eficiência e menor impacto ambiental; 
  4. projetos de alto retorno e baixo breakeven (que se pagam mais rapidamente); 
  5. refino e comercialização como estratégia para gerar valor para a empresa. 

Eles destacaram que a estatal passou por um processo de turnaround (reformulação) nos últimos anos para: 

  • garantir a aplicação de recursos de acordo com a estratégia da companhia; 
  • controlar seu endividamento; 
  • respeitar a governança e a racionalidade dos projetos na tomada de decisões de investimento.

Governança

As decisões de investimento na companhia são tomadas a partir de um robusto processo de governança:

  • Os órgãos internos de controle (compliance e auditoria) são independentes.
  • O processo decisório tem três camadas de governança e é suportado por técnicos de alto nível e longa carreira.
  • Os projetos são avaliados por comitês estatutários formados por pessoas abaixo da diretoria executiva que têm as mesmas responsabilidades e obrigações de um diretor ou um conselheiro da estatal.
  • A diretoria executiva é composta por nove membros também com dever estatutário.
  • Um conselho de administração formado por 11 componentes, sendo hoje quatro representantes dos acionistas minoritários, o que também traz pressão a respeito da racionalidade dos negócios.
  • A Petrobras tem capital aberto no Brasil e nos Estados Unidos e, por isso, é fiscalizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Securities and Exchange Commission (SEC).
  • A estatal também está constantemente sob o escrutínio de órgãos como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o Tribunal de Contas da União (TCU) e Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest).

Os especialistas ressaltaram que as lições aprendidas no passado trouxeram esse reforço nos controles. Eles impedem que uma pessoa ou um pequeno grupo coloquem em risco a racionalidade das decisões de negócios da petroleira.

Transição energética

A Petrobras está reconhecidamente em um ambiente de transição energética. O objetivo é, primeiro, descarbonizar as operações, com uma meta de ser carbono neutro em 2050.

Depois, o foco é ter mais investimento em Escopo 3 (emissões de gases de efeito estufa originadas indiretamente na cadeira de valor da companhia, como no transporte, uso ou descarte de materiais).

A ideia é, portanto, investir em novos negócios e novas fontes energia, sempre respeitando a governança da aprovação de projetos e buscando a rentabilidade.

Portfólio de projetos

A taxa de retorno (TIR) dos projetos da Petrobras é classificada como boa pelos especialistas, com destaque para produção e a exploração (chamada de P&E).

TIR média de projetos em termos reais (já descontada a inflação), sem considerar alavancagem: 
23% em projetos de produção e exploração;
14% em refino, transporte e comercialização;
Mais de 8% em gás e energia de baixo carbono.

A petroleira prevê investir US$ 102 bilhões nos próximos cinco anos. Os projetos já considerados em implementação nesse período somam US$ 91 bilhões. Desses, US$ 73 bilhões são referentes a P&E (com TIR média de 23%).

Os US$ 11 bilhões restantes ainda estão em avaliação, mas o foco é a transição energética.

Em 2023, a companhia implementou quatro de seus 14 projetos de P&E. Todos são viáveis com o barril de petróleo tipo brent negociado a qualquer valor acima de US$ 45. 

Por outro lado, a companhia luta contra a perdaprodutividade dos atuais poços. A depleção é de 10%, em média, na produção. Para combater essa queda de produtividade, segundo os especialistas, é necessário colocar dois projetos grandes de P&E — o que significa um aumento de produção entre 250 mil e 255 mil barris de petróleo por ano.

Por outro lado, a companhia luta contra a perda de produtividade dos atuais poços. A depleção é de 10%, em média, na produção. Para combater essa queda de produtividade, segundo os especialistas, é necessário colocar dois projetos grandes de P&E — o que significa um aumento de produção entre 250 mil e 255 mil barris de petróleo por ano.

Política de dividendos

A companhia busca permanecer abaixo do limite de endividamento bruto de US$ 65 bilhões (no primeiro trimestre de 2024, esse valor estava em US$ 62 bilhões, considerando os arrendamentos — na US$ 28 bilhões.

Segundo os especialistas, tanto a gestão anterior quanto a atual se preocupam com esse número, dado o foco da estatal em gerar valor para o acionista, evitando que o nível de endividamento corroa a geração de caixa da companhia.

Eles destacam que a política de dividendos é clara. A fórmula hoje é de 45% do fluxo de caixa livre (que é o fluxo de caixa operacional menos os investimentos). O dividendo mínimo é de US$ 4 bilhões quando o petróleo do tipo brent é negociado acima de US$ 40, com dívida bruta abaixo de US$ 65 bilhões.

No primeiro trimestre de 2024, a Petrobras já indicou a distribuição de R$ 1,04 por ação, tanto ordinária quanto preferencial. E, agora em junho, a companhia paga uma parcela dos dividendos referentes a 2023.

A visão da Monte Bravo

Para a nossa área de Análise, podemos destacar quatro pontos da nossa conversa com os representantes da Petrobras:

  1. A estrutura de governança corporativa, que continua robusta e que permite à companhia transitar entre as contantes trocas de gestão sem grandes rupturas de planejamento;
  2. A Petrobras continua focada em aumentar sua produção de petróleo nos próximos anos;
  3. A implementação dos planos de investimento tem apresentado dificuldades por conta de gargalos de seus fornecedores;
  4. A remuneração dos acionistas continua sendo um dos focos da empresa.

Além de nossa reunião, a semana trouxe também o fechamento de acordo com o CARF para resolução de pendências tributárias. O acordo envolvia disputas de R$ 45 bilhões e foi fechado com 65% de desconto nos valores, ou seja, R$ 19,8 bilhões. Desses valores, a Petrobras já tem provisionado R$ 6,7 bilhões e outros R$ 1,3 bilhões serão pagos via outras perdas tributárias.

Com isso, o impacto para o segundo trimestre deve ser na ordem dos R$ 12 bilhões. Julgamos como positivo este acordo firmado pela companhia.

A Petrobras projeta uma produção crescente. A estimativa da empresa é passar de 2,8 milhões de barris de petróleo produzidos por dia (boed) em 2024 para 3,2 milhões de barris em 2028.

Fonte: Petrobras

O time de RI da Petrobras esclareceu dúvidas que tínhamos em relação ao plano de investimento da companhia.

Os especialistas apontam que boa parte do gap entre o investido e o planejado acontece por atrasos de seus fornecedores, já que, após anos de subinvestimento na cadeia de petróleo, os anos pós-pandemia tiveram um boom de demanda. Com isso, a cadeia de fornecedores tem encontrado dificuldades em atender os pedidos.  

A empresa planeja investir US$ 18 bilhões. No 1T24, porém, os investimentos totalizaram US$ 3 bilhões, que anualizados seriam US$ 12,2 bilhões — 34% abaixo do planejado. 

Desta forma, imaginamos que a Petrobras, apesar de acelerar os investimentos nos próximos meses, não será capaz de entregar o planejado. A concretização deste cenário pode ter impactos positivos para a distribuição de dividendos da companhia. 

Estimamos que esse ano a companhia continue distribuindo dividendos além do mínimo estipulado pelo seu estatuto, apesar de (i) impacto da decisão do CARF; (ii) alguns M&As, contrabalanceados por um capex menor que o projetado para o ano. 

Data do Evento: 17/06/2024 às 11:00

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