Dólar: na véspera, a moeda norte-americana já havia fechado em alta de quase 1%, em R$ 5,28, também recorde desde o ano passado
Depois de fechar em forte alta na terça-feira (encerrou o dia cotado a R$ 5,2851 na venda, em alta de 0,96%), o dólar atingiu na quarta-feira seu maior patamar desde 24 de março de 2023, chegando a ser cotado máxima do dia, a R$ 5,3027, próximo às 11h16. Depois, voltou voltou a cair, mas agora, por volta das 16h, voltou ao patamar de R$ 5,30. Nos primeiros dias de junho, a moeda norte-americana acumula alta de aproximadamente 2% e este movimento reflete a reação do mercado por diversos motivos, desde eleição no México, dados econômicos e expectativas de políticas monetárias mais restritivas por parte do Fed até preocupação com a questão fiscal do Brasil.
– Ontem a explicação para o enfraquecimento do real estava muito voltado para a parte externa. Depois do resultado da eleição do México, o peso mexicano se depreciou bastante e o real acabou acompanhando também como outras moedas de emergentes. Hoje a gente está tendo reflexo do fortalecimento do dólar lá fora, o DXY está subindo contra as principais moedas, contra o euro, contra o yen – explica Luciano Costa, economista da Monte Bravo.
Para Bruna Allemann, chefe de investimentos internacionais da Nomos, os dados de atividade nos Estados Unidos desta semana mostram sinais mistos da economia norte-americana sobre o que esperar sobre a decisão do Fed sobre corte de juros. Segundo relatório ADP, a criação de vagas de trabalho no setor privado dos EUA ficou abaixo do esperado em maio e os dados do mês anterior foram revisados para baixo. No entanto, o setor de serviços norte-americanos voltou a crescer em maio, após contração no mês anterior
A decisão da Opep+ de reverter cortes de produção também impactou negativamente o real. As commodities tiveram queda e, como o brasil é um grande exportador, isso faz com que reduza a entrada de dólar no país, explica Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital.
Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank, aponta que questões internas também acabam impactando no mercado.
– A insegurança fiscal e medidas do governo brasileiro que geram preocupação, como a medida provisória para limitar o sistema de crédito de PIS/Cofins. Qualquer sinal de aumento na insegurança fiscal pode pressionar ainda mais o real. No entanto, é importante considerar que o mercado financeiro é altamente volátil e sujeito a mudanças rápidas baseadas em novas informações.
O que esperar daqui para frente?
Bruna Allemann, chefe de investimentos internacionais da Nomos, avalia que, até sexta-feira, o comportamento do dólar dependerá de uma série de fatores, incluindo os dados do payroll, o principal dado de emprego dos Estados Unidos, divulgado na sexta-feira. O consenso do mercado é de criação de 175 mil vagas de emprego em maio.
– Se os números de empregos forem mais fortes do que o esperado, isso pode reforçar a expectativa de que o Federal Reserve precise manter uma política monetária mais apertada por mais tempo, o que poderia continuar a impulsionar o dólar. Por outro lado, se os dados forem mais fracos, isso poderia aumentar as expectativas de cortes nas taxas de juros, potencialmente enfraquecendo o dólar. Além disso, o mercado estará atento a qualquer sinal de mudança na política do Fed – explica.
Até sexta-feira, o comportamento do dólar dependerá de uma série de fatores, incluindo os dados do Payroll que serão divulgados. Se os números de empregos forem mais fortes do que o esperado, isso pode reforçar a expectativa de que o Federal Reserve precise manter uma política monetária mais apertada por mais tempo, o que poderia continuar a impulsionar o dólar. Por outro lado, se os dados forem mais fracos, isso poderia aumentar as expectativas de cortes nas taxas de juros, potencialmente enfraquecendo o dólar. Além disso, o mercado estará atento a qualquer sinal de mudança na política do Fed.
Reportagem publicado no jornal O Globo.