A Monte Bravo Corretora de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) passou nesta semana pelo último crivo regulatório para entrar em atividade. O Banco Central aprovou o aumento de capital que colocou a XP na sociedade, com 45% do negócio. Nessa virada de chave de uma assessoria de investimentos para a estrutura de instituição financeira são R$ 40 bilhões em ativos, de 30 mil clientes, com um time de 550 colaboradores.
Como a nova corretora é um participante de negociação (PN) perante a B3, o que no mercado de distribuição de investimentos se convencionou chamar de corretora “light”, os serviços de liquidação e custódia seguem com a XP, uma casa “full”, ou participante de negociação pleno (PNP).
Isso significa que a Monte Bravo permanece na frente de relacionamento com os investidores, enquanto a execução das ordens continua sendo feita pela XP.
Pelo modelo aberto, a plataforma tem a prerrogativa de conhecer os clientes, processar seus dados, sem limitação de acesso para finalidades como cadastro, checagem das informações em rotinas de conformidade com a regulação (“compliance”) e avaliação de perfil de risco.
O contrato de intermediação e custódia selado entre as partes prevê a atribuição de limites operacionais, gerenciamento de margem de garantia e empréstimo de ativos pela XP.
O sinal verde do regulador ocorre após um primeiro trimestre de recuperação da captação, com ingressos de R$ 4 bilhões no período, diz Filipe Portella, também fundador e coCEO da Monte Bravo. “Nessa expectativa da corretora, a gente seguiu trabalhando e viu muito esse movimento de assessorias independentes dedicadas a investimentos se fortalecendo em relação às estruturas bancárias”, diz.
O ciclo de redução de juros e a limitação de lastro para emissão de ativos como letras de crédito imobiliário e do agronegócio (LCI e LCA) começam a trazer dinheiro novo, segundo o executivo. O tropeço do mercado nesta primeira quinzena de abril é, porém, mais um percalço.
O objetivo de alcançar R$ 100 bilhões em ativos foi jogado de 2025 para 2026. Para 2024, a meta é fechar com R$ 48 bilhões, subindo a R$ 65 bilhões em 2025. Lá na frente, os sócios não descartam converter a operação numa corretora “full”.
Com produtos exclusivos para clientes da Monte Bravo, como fundos de crédito e venda direta de ativos de tesouraria e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), a Monte Bravo já começou a testar o que pode fazer fora da oferta da XP.
Reportagem publicada no Valor Econômico
.