Fed mantém Fed Funds em 5,50%, mediana das expectativas aponta taxa de 4,75% a.a. em dezembro
O FOMC manteve a taxa de Fed Funds (juros base dos EUA) em 5,50% a.a. e avalia que os riscos para o duplo mandato de pleno emprego e inflação estão evoluindo para um balanço mais equilibrado.
O Comitê segue indicando que quer ter maior confiança que a inflação está se movendo rumo à meta de 2,0% de forma sustentável antes de iniciar o ciclo de redução de juros.
Atividade – atividade econômica segue expandido a um ritmo sólido.
Mercado de Trabalho – ganhos de emprego permaneceram fortes com uma taxa de desemprego que permanece.
Inflação – diminuiu ao longo do último ano, mas permanece elevada.
Balanço de Riscos: estão caminhando para um equilíbrio melhor.
Orientação para o futuro: O Comitê não espera reduzir os juros base até ter maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2 por cento. Diante de um panorama ainda incerto, o Comitê permanece altamente atento aos riscos inflacionários. O programa de recompra de títulos segue conforme programado.
Decisão – manteve a faixa de 5,25% a 5,50% a.a. para os Fed Funds.
Entrevista – embora Powell tenha evitado repetir a mensagem, que deu no depoimento no Senado, de que não estaria longe o ponto de ter confiança para iniciar os cortes, ele reduziu o impacto da inflação recente mais alta.
Powell repetiu que o FOMC busca um equilíbrio, visto que “estamos em uma situação na qual, se cortarmos muito ou muito cedo, poderíamos ver a inflação voltar. Se atrasarmos os cortes, podemos causar danos desnecessários ao emprego e às pessoas.”
Sobre os números recentes mais elevados de inflação, Powell disse que “eles realmente não mudaram a história geral cujo cerne é de uma inflação caindo gradualmente, percorrendo um caminho, às vezes, acidentado em direção a 2%. Eu não acho que essa história mudou.”
Mas enfatizou que é exatamente porque a convergência não é um processo linear que “precisamos ter cuidado” e esse quadro reforça a postura do comitê de querer “ver mais dados que dêem confiança de que a inflação está caindo de forma sustentável em direção a 2%.”
Portanto, considerando o comunicado e a entrevista, mantivemos o cenário de início de cortes em junho, com uma sequência de 5 cortes de 25 p.b. até dezembro, reduzindo a taxa de juros para 4,25% a.a. no final de 2024.
O que isso implica para os mercados de ativos
O Fed manteve as taxas dos Fed Funds em 5,50% a.a e manteve a mediana das expectativas com 3 cortes de 25 p.b. em 2024.
O gráfico de pontos trouxe alterações no crescimento, na inflação e nos juros. O crescimento de 2024 foi revisto de 1,4% para 2,1% e o de 2025 de1,8% para 2,0%. A inflação, medida pelo núcleo do PCE, foi revisada de 2,4% para 2,6% em 2024 e mantida em 2,2% e 2,0% para 2025 e 2026, respectivamente.
A expectativa dos 19 diretores com relação aos Fed Funds subiu um pouco nos horizontes mais longos. Para 2024, a mediana se manteve em 4,75% (3 cotes de 25 p.b.), mas para 2025 a taxa subiu de 3,75% para 4% e para 2026 subiu de 3,0 para 3,25%, seguindo em queda para chegar a 2,75% no longo prazo.
O Fed manteve a mensagem de quer aguardar mais informações para ter mais segurança sobre a convergência da inflação antes de iniciar um ciclo de distensão da política monetária.
Powell enfatizou que embora haja riscos para ambos os lados, se a economia evoluir conforme o cenário base, será apropriado reduzir os juros ainda este ano.
Depois da decisão e da entrevista, o mercado futuro de Fed Funds voltou a aumentar a chance de um corte até junho para 82% frente a 65% na véspera, ao mesmo tempo o apreçamento do total de cortes em 2024 subiu para 83 p.b. frente a 73 p.b. de ontem no fechamento.
Nosso cenário segue com 5 cortes começando em junho e levando os Fed Funds a 4,25% no final de 2024. Também esperamos uma queda acentuada da volatilidade das Treasuries, com a taxa dos títulos de 10 anos oscilando entre 4,00% e 4,25% nas próximas semanas.
Nestas condições, a perspectiva para os ativos brasileiros é de retomada do movimento de valorização.
Ibovespa – deve se recuperar e estabelecer novos recordes à medida em que o momento do Fed cortar estiver mais próximo rumo a 170.000 pontos no final de 2024.
Dólar – o Real deve ganhar impulso para voltar a apreciar, testando novamente as mínimas de 2023, durante os próximos meses.
Juros – parte curta da curva mais dependente do Copom, enquanto a parte longa deve ser ajudada pelo quadro global, mas a incerteza fiscal segue sendo alimentada por ruídos políticos.